7.7.09

Em tempo...

A realidade é sempre poesia

"PINA BAUSCH nasceu" - disse a Arte.
"Morreu Josephini Bausch" - disse o câncer.

30
junho - mês no qual também morreu Roberto Pereira - outro ser da dança.
2009.

A poesia celebra a vida e a morte. A ciência tenta explicar as duas. Como não sou nem Poeta nem cientista me resta dizer. Não direi que Pina Bausch criou algo “novo” nas Artes Cênicas - ela era “o novo“ - penso mesmo que “não se cria nada novo”(principalmente em matéria de Arte) - criam-se “novidades” - o que é muito diferente. Mas isso não me decepciona ante a inesgotável capacidade que a “inexistência do novo” tem de provocar reações, e seduzir. Talvez por isso mesmo que Pina tenha resolvido então mudar - ah isso é possível! mas mudou a si própria; o que é mais difícil porque a mudança vem da experiência, do aprendizado com o erro, esse mestre. Direi que Pina mudou, não o que via, mas o que sentia, mudou o seu olhar sobre a Arte que fazia e ao fazê-lo mudou também a própria Estética, transgrediu as linguagens e (re)uniu Dança-Teatro(ou Teatro-dança?), transcendeu os códigos e reformulou o Movimento Cênico, privilegiando a expressividade.
Acreditando que a Arte é fruto da pulsação humana, Pina Bausch inspirou a sua criação na vida dos próprios Artistas da sua companhia, dando ressonância às emoções e sentimentos corpóreos dos seus companheiros de trabalho, da mesma forma que se valia das experiências com as culturas que tinha a oportunidade de conhecer em suas viagens. A partir daí, sua opção Estética refletia o que eu considero “A Poética da Realidade”, aproximando de maneira natural a Arte da Pessoa, fundindo a Verdade à Beleza, numa viagem sem volta nas águas da sensibilidade. Por falar nisso, inspirada no Brasil, nos corpos que por aqui viu em 2001 e em corpos brasileiros da sua companhia, criou o espetáculo chamado “ÁGUA”. Assim era Pina Bausch, uma Pessoa normal, uma Artista comum e como é possível aos normais e comuns, com a capacidade de recriar o Universo, no caso, através da Arte.

Nesta madrugada de 01 de julho de 2009, às 00:30h, o escritor Francisco José Viegas, escreveu em seu blog no Correio da Manhã: “Pina Bausch morreu inesperadamente, 5 dias depois de saber que sofria de câncer. Morreu para evitar a morte”.

Campo Grande/MS 01/07/2009
Jair Damasceno

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