10.6.09

Horas difíceis

Depois de 10 espetáculos seguidos (Cuiabá, Recife, Porto Alegre, Gravataí, São Leopoldo, Bento Gonçalves, Caxias do Sul, Passo Fundo, Erechim e Carazinho) parece que entramos num “automático”: chegamos na cidade, vamos pro hotel, a equipe técnica vai direto pro teatro, passa o dia todo montando a luz, de tarde os bailarinos chegam para colocar linóleo e montar o cenário, o Jonas chega pra passar o som, fazem aula (aquecimento), passam uma vez o espetáculo, e se preparam para entrar em cena.
E a rotina se instala. Em Erechim, acabamos encontrando umas dificuldades maiores (os espaços de apresentação são muito diferentes um do outro e temos que fazer sempre algumas adaptações). Apesar da boa vontade de todos, sentimos de cara que há falta de experiência com espetáculos de dança contemporânea na cidade: bem até aí tudo normal. Depois de horas trabalhando, tudo pronto, ensaio correto, som, cenário, luz...
Sempre fazemos uma energização no camarim antes de entrar em cena: todos se reúnem, bailarinos, músico e técnicos, desejamos merda e partimos pra cena. Nesse dia já havíamos comentado da dificuldade que foi a montagem, e recomendamos a atenção de todos para os detalhes de luz, de espaço, enfim, FIQUEM ATENTOS. De última hora o Espedito (nosso iluminador) alertou para que se alguma coisa acontecesse, que todos continuassem normalmente o espetáculo. Parece que estávamos nos preparando para o que aconteceria.
Não sabemos ainda porque, mas deu uma pane na mesa de iluminação e a luz do espetáculo deu toda errada. Tentamos “salvar” algumas cenas (lógico que o público nem percebeu...será?) e o nosso maior medo era acabar dando um black out e todos ficassem no escuro.
Passado o susto, fomos pra conversa com o público já esperando que todos fossem embora (porque achávamos que não tinha sido legal o espetáculo). Para nossa surpresa todos ficaram. Daí rolou uma conversa muto bacana, com muitas opiniões diferentes: gente que realmente se sentiu incomodada com o peso do espetáculo, outros que não, enfim, uma nova energia circulou.
Depois disso parece que tudo se fortalece, ficamos mais ligados, mais solidários, menos acomodados. E a lição de que sempre há algo de bom mesmo nas horas difíceis.

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